As discussões sobre mudança climática e os impactos das emissões de gases de efeito estufa (GEE) estão em pautas há algumas décadas. Conforme o Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado em 2022, apesar dos inúmeros esforços, compromissos e ações traçadas, as emissões globais de GEE continuam aumentando.

Dessa forma, registra-se um movimento das empresas em busca de melhorias de processo e de tecnologias para mitigar seus impactos ambientais, atendendo também as exigências crescentes dos consumidores frente aos impactos decorrentes do consumo. A comunicação com viés de sustentabilidade tem como objetivo dialogar com o consumidor e apresentar a pegada ambiental do produto, conectando o consumo à degradação ambiental, trazendo a transparência e uma racionalidade na relação empresa-consumidor.

A rotulagem ambiental como ferramenta de comunicação com o consumidor não é algo novo, porém vem se tornando um artifício frequente para esclarecer os impactos ou ganhos ambientais dos produtos, alinhada à transformação nos hábitos de consumo de 42,4% dos consumidores, que buscam conhecer sobre a pegada ambiental do produto.

Há no mercado atualmente uma grande quantidade de selos ou rótulos ambientais, mas alguns deles não apresentam nenhum tipo de informação concreta, promovendo a interpretação equivocada nos consumidores em relação à questão ambiental. Já outros  rótulos ambientais são robustos e apresentam critérios para a avaliação do impacto do produto por estarem adequados às normas técnicas de avaliação de ciclo de vida e por terem instituições sérias que verificam e certificam a sua autenticidade.

A Organização Internacional de Normalização (ISO) estabelece a rotulagem ambiental como uma ferramenta que permite trazer informações relevantes sobre os aspectos ambientais dos produtos para os consumidores por meio dos rótulos. De acordo com a série de normas ISO 14020, pode-se ter no mercado três tipos de rótulos:

• Rotulagem Tipo I (Rótulo Ecológico ou Selo Verde): são aqueles concedidos e monitorados por um programa independente, que considera critérios ambientais e características funcionais dos produtos para avaliar e demonstrar conformidade. Trata-se do tipo de rótulo mais bem aceito por parte do consumidor devido à sua confiabilidade.
• Rotulagem Tipo II (Autodeclaração Ambiental): são aquelas declarações ambientais realizadas pelos próprios fornecedores e fabricantes sem considerar critérios pré-estabelecidos. Incluem textos, símbolos e gráficos no rótulo das embalagens.
• Rotulagem Tipo III (Declaração Ambiental de Produto): são aquelas baseadas em estudos de avaliação do ciclo de vida, que detalham o impacto ambiental dos elementos que constituem o produto. Este tipo de rotulagem é acreditado conforme diferentes sistemas, como o EPD – Environmental Product Declaration. Há diferentes sistemas para submissão das declarações ambientais de produto, como por exemplo o International EPD System.

Neste contexto, os sistemas de rotulagem ambiental se apresentam como uma ferramenta de influência às decisões de compras dos consumidores e como incentivo para empresas  atuarem com critérios de sustentabilidade. A decisão do consumidor em selecionar produtos rotulados influencia outras empresas a adotarem padrões ambientais para não perderem para a concorrência o espaço de mercado, contribuindo para que a rotulagem ambiental também apresente um valor social associado.

Assim, é fundamental que as empresas iniciem debates e promovam formas de conscientização do consumidor por meio de informações compartilhadas, tornando comum a informação ambiental assim como é a nutricional nos rótulos dos produtos.

Será que sua empresa está preparada para pensar em estabelecer esse diálogo com o mercado e o consumidor? E você consumidor, está preparado a se tornar mais questionador, pesquisando e se informando sobre a mensagem, o órgão certificador e os critérios por trás daquele selo nas embalagens do produto?

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