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Consumo consciente: o que o seu negócio tem a ver com o tema?

Em 2020, principalmente por causa da pandemia, a questão do consumo se tornou ainda mais latente. As tendências de consumo previstas sofreram abalos, porém, em nada, desvaloriza o conhecimento dos quais delas se exprimem e indicam qual caminho seguir. Isso ocorre pois as tendências de consumo não surgem de um dia para o outro, mas sim das demandas do presente e do que o mercado nos oferece.

Na pesquisa Panorama do Consumo Consciente (2018) realizada pelo Instituto Akatu se evidencia a tendência do consumidor brasileiro em buscar por hábitos mais sustentáveis – apresentando um aumento de 6% no período de 2012 a 2018 no consumidor classificado como “iniciante”. Isto é, cerca de 16 milhões de brasileiros deixaram de ser indiferentes ao assunto. Porém, não se trata somente de uma tendência da parcela final da cadeia de valor, mas sim de todas as partes interessadas que compõem os elos desta cadeia, como pode-se ver pela Carta de Larry Fink – presidente da Black Rock, a qual consiste na maior empresa de gestão de ativos do mundo-, que coloca o “sustentável como o novo normal competitivo”.

Dessa forma, pode-se perceber, como Hélio Mattar – diretor presidente do Instituto Akatu-, comenta no podcast Papo Empreendedor, que o consumo sob a ótica da ação não se trata de uma prática individual, mas social. O consumidor não consegue praticar um consumo mais consciente, mesmo apresentando uma consciência, se os demais elos constituintes da cadeia não oferecerem meios e informações para tal.

Arte: Alê Kalko

Em virtude desta tomada de consciência e da necessidade da quebra de crenças e paradigmas para a criação de novos hábitos, cresceu a busca por negócios que entendem o significado de seu papel, gerando valor não somente para o seu negócio, mas para a sociedade. São estas empresas que nos últimos anos e durante a pandemia se destacam e mostram que integrando a sustentabilidade em seu planejamento estratégico determinam suas escolhas de tal maneira que se torna uma cultura da organização.

Este “fortalecimento dos princípios da sustentabilidade” viabiliza oportunidades para que o ser humano se sinta motivado a se engajarem em causas e por meio destas construir novos hábitos como, por exemplo, a missão da startup So+ma, que incentiva os usuários a compreenderem os impactos de seus hábitos de consumo por meio da geração de oportunidades a partir da valorização dos resíduos gerados por ela1.

Outro exemplo, é o lançamento da Colorado Amazônica da Cervejaria Colorado, que incentiva a tomada de consciência em relação ao desmatamento das florestas nativas, pois o preço da bebida varia de acordo com os índices de desmatamento na região. Porém, o produto não traz somente este ponto de discussão em sua missão, mas também a valorização dos produtos do bioma amazônico e da produção artesanal das comunidades local.

Esta mudança de cultura, muitas vezes, esbarram em barreiras e dificuldades por parte do consumidor. A pesquisa do Instituto Akatu realizada em 2018, mostra que as principais percepções do consumidor como barreiras são o preço e a disponibilidade de informações sobre os impactos ambientais e sociais. As percepções de barreiras estão muito atreladas ao nível de maturidade ao quanto adotamos o conceito de sustentabilidade (econômico, social e ambiental) nas nossas práticas rotineiras.

Sendo assim, considerando os aspectos além do valor monetário do produto em relação ao produto consumido desenvolve-se uma consciência crítica muito mais complexa, pois passa-se a considerar não somente o valor final comercializado, mas também: qual a origem das matérias-primas? Quais as condições de trabalho dos funcionários? Qual a composição do produto? Ele é reciclável?

São estes questionamentos que nos permitem passar de consumistas à consumeristas. Consumerismo é um novo conceito que surge para se definir o consumo responsável que leva em conta a origem dos produtos e os impactos ambientais e sociais. Trata-se como diz, Célia Linsingen – consultora em Marketing e Inovação -, da criação de um consumo de causa.

Por consequência, mesmo que às vezes o consumidor esteja pouco disposto a pagar por produtos mais sustentáveis, a tendência por adotar melhores práticas e uma maior transparência na comunicação das informações é um caminho sem volta, segundo Fernanda Iwasaka – analista do Instituto Akatu. Por se tratar de um processo irreversível, percebe-se que diferentes setores do varejo como alimentação, cosméticos e vestuário seguem a tendência de adaptação das exigências do mercado.

A fim pergunto: se a máxima “eu sou aquilo que consumo” é verdadeira, qual tipo de imagem você e/ou sua organização deseja apresentar? Qual impacto a sua organização ou você quer promover no mundo? Que tipo de empresa você quer construir?