Nesta semana, investidores que administram cerca de US$ 3,7 trilhões em ativos se posicionaram sobre a perspectiva negativa de continuar realizando investimentos no Brasil, caso as políticas ambientais, em relação ao desmatamento, não forem revistas e fluírem com maior transparência.
O que chama atenção neste anúncio foi que isto, já há algum tempo, era uma bola cantada. Após as diversas discussões sobre os riscos das mudanças climáticas, muitos países e empresas anunciaram suas estratégias, metas e estrutura de governança para atingir reduções significativas nas emissões de carbono. Se por um lado a notícia não surpreende, por outro, percebe-se que o pronunciamento veio do mercado, e isto é de se destacar, pois o tema ambiental cada vez mais está na mesa para apoiar a tomada de decisão no mundo dos negócios.
O Brasil ainda possui pouco mais de 60% de seu território coberto por vegetação nativa e cerca de 50% deste total está dentro de propriedades rurais. Olhando estes números, vejo a relevância do setor privado para conservação das florestas brasileiras.
O agronegócio brasileiro há anos colabora para que o balanço financeiro do país fique no azul e o anúncio destes investidores mostra o risco da manutenção deste cenário, pois, afetará em cheio a exportação de soja e carnes.
Interessantemente, a checagem dos dados do Serviço Florestal Brasileiro, órgão governamental que acompanha os números do Cadastro Ambiental Rural (CAR), mostra que mais de 540 milhões de hectares já foram inseridos na plataforma e que este montante representa quase que a totalidade da área das propriedades rurais do Brasil. Temos condições de fornecer uma enorme transparência ao mercado, evidenciando como fazemos a gestão do nosso território do ponto de vista ambiental. Contudo, a geração de conflitos e incentivos às práticas na contramão da conciliação entre conservação ambiental e produção agrícola coloca o produtor rural numa berlinda.
Visto isto, da mesma forma que o mercado anuncia suas diretrizes para os investimentos, os produtores rurais poderiam anunciar suas boas práticas para conservação das florestas e respeito às leis. Seria uma ação de mercado para mercado. Neste sentido, cabe a pergunta: você, agricultor brasileiro, o que tem feito para evidenciar as condições da sua empresa e/ou propriedade rural para mostrar com transparência as ações positivas em prol do meio ambiente?
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