A pegada de carbono é uma medida que calcula a emissão de carbono equivalente na atmosfera por uma pessoa, atividade, evento, empresa, organização ou governo. Ela avalia as emissões atmosféricas de gases do efeito estufa (GEE). Nunca antes se falou tanto sobre carbono. De olho nas discussões sobre mudança climática e os impactos das emissões de gases de efeito estufa no ambiente, cada vez mais o tema ganha força nos mais variados setores de mercado e está presente em quase todos os debates sérios sobre a construção de um futuro sustentável.
Quem ainda não ouviu falar sobre créditos de carbono, inventário de gases de efeito estufa, metas de emissões net zero, mercado de carbono? Porém, as conclusões e os significados de tais expressões não são necessariamente óbvias e, geralmente, provocam novos questionamentos.
Para compreender como o tema está inserido atualmente nas agendas empresariais e governamentais, temos que dar um passo atrás e entender a perspectiva histórica das discussões, acordos e compromissos relacionados às mudanças climáticas.
1- O que são as mudanças climáticas?
As mudanças climáticas são transformações a longo prazo nos padrões de temperatura e clima do planeta. Essas mudanças podem ser naturais, contudo, desde 1800, as atividades humanas são a causa das principais mudanças climáticas provocadas, principalmente, pelas crescentes emissões de GEE na atmosfera em razão da queima de combustíveis fósseis, como o carvão mineral, o petróleo e o gás natural.
A preocupação com o aumento de emissões dos GEE e seus impactos no planeta não vem de hoje. Há décadas ocorrem discussões nas Conferências das Partes (COPs), que é encontro da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Seu objetivo é debater as questões ambientais, encontrar soluções para os problemas que afetam o planeta e negociar acordos. Em 2015, durante a COP 21, foi firmado o Acordo de Paris – compromisso mundial entre 195 países com o objetivo de reduzir as emissões de GEE a fim de conter o aquecimento global abaixo de 2°C – preferencialmente em 1,5°C – e reforçar a capacidade dos países de responder ao desafio, num contexto de desenvolvimento sustentável.
Contudo, mesmo com todos esses compromissos e ações, as emissões globais continuam aumentando, bem como a temperatura média global, . Dessa forma, realizar uma série de ações efetivas para reversão desse cenário mundial se tornou um desafio urgente.
2 – O que podemos realizar para mudar o cenário mundial de crise climática?
Os governos buscam estabelecer políticas públicas mais ousadas que incentivem uma transição à economia de baixo carbono com instrumentos que possibilitem gerenciar e mitigar as emissões de GEE, como por exemplo incentivar o uso de energias renováveis, como o, reduzir, reaproveitar e reciclar materiais, entre outros.
A Gestão de Carbono diz respeito ao processo de medição e gestão do volume de carbono emitidos para a atmosfera visando identificar oportunidades de redução das emissões, bem como implementar uma estratégia de sustentabilidade em carbono para a companhia ou país.
3 – O que é Mercado de Carbono?
O Mercado de Crédito de Carbono é o sistema de comercialização de compensações de emissão de carbono ou equivalente de gás de efeito estufa. Há dois tipos de sistema de comercialização – voluntário e regulado. O mercado de carbono voluntário atende à demanda por créditos de carbono de empresas e indivíduos que voluntariamente decidem neutralizar suas emissões de gases de efeito estufa.
Já o mercado regulado atende à demanda por créditos de carbono de empresas e setores específicos, por meio de mecanismos legais desenvolvidos pelos governos – nacionais, estaduais ou regionais. Vale ressaltar que no Brasil, o mercado regulado ainda não está estabelecido.
4 – O que é Crédito de Carbono?
É a moeda utilizada no mercado de carbono. Trata-se de uma representação digital de uma tonelada de carbono que deixou de ser emitida para a atmosfera. Então, 1 crédito de carbono = 1 tonelada de CO2 equivalente. Essa emissão é verificada e certificada. O preço de comercialização do crédito de carbono depende do mercado no qual ele está sendo comercializado.
5 – Como são gerados os créditos de carbono?
Ambos os mercados têm protocolos e padrões a serem seguidos. No mercado regulado, países como o Brasil só podem participar de forma voluntária e usando o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), onde são aceitos quase todos os tipos de projetos, exceto energia nuclear, novas instalações de HCFC-22 e desmatamento evitado (REDD+). Não há restrição quanto ao tamanho dos projetos (pequena, média ou larga escala), mas eles só podem estar localizados em países que não estão no Anexo I da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.
Para o mercado voluntário, existem mais de 100 tipos de crédito de carbono. Ao contrário do que muitos pensam, não é fácil nem simples gerar créditos de carbono. O processo de obtenção de crédito de carbono é longo e pode ser bem custoso. Cada protocolo ou padrão tem o seu custo e seu processo, mas todos seguem uma mesma lógica:
- Desenvolvimento do Design do Projeto e sua descrição de forma detalhada em um documento
- Validação da descrição do projeto, incluindo um período de comentário público
- Revisão de Terceira Parte
- Aprovação pelo Protocolo escolhido
- Registro do Projeto
- Desenvolvimento do Projeto
- Monitoramento do Projeto
- Auditoria de Verificação
- Recomendação para emissão de crédito de carbono
Cada etapa desse processo é custeada pelo próprio proponente do projeto e apenas ao final do processo que os créditos são emitidos e poderão ser vendidos. Uma importante etapa “zero”, anterior ao design do projeto, é verificar e entender qual protocolo e padrão existentes atendem ao projeto que será submetido ao crédito de carbono. Os padrões de certificação mais utilizados atualmente existentes no Brasil são:
- MDL: mecanismo de flexibilização criado pelo Protocolo de Quioto para auxiliar o processo de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) ou de captura de carbono. Para mais informações, entrar no site https://cdm.unfccc.int/Reference/tools/index.html
- Gold Standard: trabalha com a certificação de projetos MDL. Para mais detalhes, entrar no site https://www.goldstandard.org/.
- Verra (VCS): padrão de qualidade para contabilização de carbono, baseado em princípios da ISO que garante as reduções de emissões sejam adicionais, únicas e verificadas. Para mais detalhes, entrar no site https://verra.org/
O REDD+, que também é muito mencionado hoje em dia, é um instrumento econômico desenvolvido pela UNFCCC. REDD significa Redução de Emissões oriundas do Desmatamento e Degradação Florestal (em inglês, Reducing Emissions from Deforestation and forest Degradation), sendo que o + representa os ganhos sociais e para a biodiversidade ocorridos durante o desenvolvimento do projeto.
A Fundação Espaço ECO (FEE) busca auxiliar seus clientes em toda as etapas da gestão de carbono. Na etapa de Diagnóstico, a FEE utiliza metodologias de Hotspot Analysis para mapear temas relevantes e identificar percepções de mercado para reconhecer a posição estratégica da empresa frente ao tema e às práticas de mercado.
Na fase de Quantificar, a FEE realiza estudos quantitativos com metodologias reconhecidas internacionalmente (Avaliação do Ciclo de Vida, Pegada de Carbono e Inventário de Emissões). Esses estudos podem servir de base para a próxima etapa ‘Reduzir’, pois ajudam a identificar oportunidades de melhorias no processo visando a redução de emissões de carbono.
Na fase de Compensar, a FEE possui o Programa Mata Viva para plantações de árvores (não certificada) e apoia seus clientes no processo de obtenção de crédito de carbono, identificando os protocolos existentes e fazendo estudos quantitativos.
Na fase de Inovar, a FEE busca auxiliar seus clientes a elaborar e investir em iniciativas que promovam benefícios socioambientais, por meio da aplicação da Teoria da Mudança e ferramentas de impacto social.
Compartilhe