Quando se trata do tema de consumo consciente, há uma crescente inquietação por parte dos consumidores sobre o caminho percorrido pelo produto até a prateleira do supermercado. Quais são as fontes de matéria-prima utilizadas, as formas de trabalho empregadas, o respeito ao meio ambiente, entre outras preocupações fazem com que a sociedade questione e investigue como as empresas estão se comportando no seu processo produtivo.
No artigo da Fundação Espaço ECO, sobre o tema de consumo consciente, publicado em 14 de outubro, intitulado Consumo consciente: o que o seu negócio tem a ver com o tema? é abordado como o perfil do consumidor está mudando e como as empresas buscam alinhar seus negócios a essa demanda crescente. Adicionando-se a essa questão, muitos produtos disponíveis possuem diferenciais por trás da sua produção que influenciam (ou poderiam influenciar mais) na hora da tomada de decisão pelo consumidor. Cada vez mais somos bombardeados com produtos ditos sustentáveis, entretanto, por vezes fica difícil escolher nas gondolas do supermercado qual item levar, seja porque as informações não são claras ou porque o consumidor não tem uma relação com o que está descrito ali.
Nos deparamos com produtos que possuem na sua embalagem alguma ilustração ou caractere referente à alguma certificação, QR Codes, denominação de origem ou dizeres de boas práticas que podem fazer sentido a algum grupo de pessoas mais ligado nesse tema. O que o sapinho simpático da Rainforest Alliance que estampa alguns produtos como cafés, chás, chocolates e sorvetes traz de informação num primeiro momento? Ou o selo do coelho em vários cosméticos? Os selos de orgânico, vegano ou a árvore do FSC nas embalagens de papel?
O que todos esses selos têm em comum é que possuem normas que visam garantir transparência nos processos de toda sua cadeia produtiva, ou seja, refletem critérios que são adotados pela organização com objetivo de torná-los mais eficientes, seguros e limpos. Por exemplo, um selo socioambiental na embalagem de um produto agrícola garante que aquela produção respeitou a legislação ambiental, as relações de trabalho e aplica boas práticas nas etapas produtivas. Desta forma, um dos principais benefícios é a proteção ao consumidor, que está adquirindo um produto advindo de relações comerciais éticas.
Foto: Mercur
Mas, como o consumidor pode ficar seguro de que todos esses critérios são realmente respeitados? As empresas buscam por certificações oficiais que são oferecidas por empresas terceirizadas imparciais, que auditam todos os processos em intervalos de tempo definidos (normalmente, anuais). Porém, as empresas também podem criar suas próprias certificações e selos, mas precisam deixar transparentes os critérios que adotam e as práticas que estão sendo verificadas.
Internacionalmente, principalmente na Europa, as certificações são mais reconhecidas do que internamente, sendo os selos exigidos por muitos mercados na hora da comercialização, assim, eles incentivam e impulsionam que outros países se adequem às normas para poderem continuar a fazer negócios. No Brasil, ainda que esses produtos estejam à disposição, falta conhecimento da população sobre o que cada selo quer transmitir e, por mais que essas informações pareçam complexas para o consumidor médio, é interessante notar que muitos de nós já analisam outras informações igualmente complexas nas embalagens, como a tabela nutricional dos alimentos.
O grande desafio para empresas, varejistas e certificadoras, é como comunicar de forma eficaz aos consumidores o porquê seu produto tem um diferencial que precisa ser levado em consideração na hora da compra. Seja na mídia em geral, no ponto de venda ou na própria embalagem, é necessário conectar o consumidor com a cadeia de valor que envolve aquele bem ou produto que ele está escolhendo levar para casa. Estando bem informados, poderemos optar por produtos alinhados com práticas de bem-estar, respeito e ética, caminhando para o fortalecimento do desenvolvimento sustentável.
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