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Amazônia: Conhecer para comunicar! 

por Juliana Gerhardt

De 28 de julho a 03 de agosto nossa Analista de Sustentabilidade Aplicada, Juliana Gerhardt, esteve no Amazonas participando da Expedição Amazônia: conhecer para comunicar. A expedição que foi organizada pela ABERJE (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) e pela Academia Amazônia Ensina, contou com o patrocínio da BASF, LATAM e Itaú e com a participação da Novo Nordisk, Portobello e Globo. Com o objetivo de apresentar aos participantes um pouquinho dos saberes tradicionais e das possibilidades quanto à ciência e tecnologia, foram 7 dias de uma jornada incrível que “habilitou” os integrantes da Expedição a falar e comunicar sobre as realidades amazônicas, agora com maior propriedade. 

Nos primeiros 4 dias, a turma visitou diversas instituições importantes na cidade de Manaus. Os outros 3 dias foram embarcados em um “barco hotel”, deslocando pelo Rio Negro e conhecendo um pouquinho das realidades in loco das comunidades indígenas e ribeirinhas. A seguir, Juliana nos conta um pouco de como foram esses 7 dias. 

“A floresta amazônica é linda demais, isto é fato! No entanto, mais do que ver a floresta e as belezas naturais, fomos com o objetivo de ver e ouvir as pessoas”.  

O primeiro dia foi a chegada de todos em Manaus e uma atividade de integração para conhecer os demais expedicionários e suas respectivas empresas. 

No segundo dia, visitamos o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, onde tivemos uma masterclass sobre a perda dos serviços ecossistêmicos da Amazônia com o Prof. Dr. Philip Fearnside”. Conhecemos o Laboratório de Mamíferos Aquáticos da Amazônia e a AMPA (Associação amigos do Peixe-Boi), onde é feito um lindo trabalho de resgate e cuidados de espécimes de Peixe-Boi e Ariranhas. Fizemos uma visita guiada ao Museu da Amazônia (MUSA), passando por seus diversos espaços, tais como orquidário, serpentário, aquário e lago de vitórias-régias. E para encerrar o dia com chave de ouro, subimos os 242 degraus da torre de observação da Reserva Duke, uma reserva de floresta primária que conserva um pedaço de 100 km2 de floresta amazônica na periferia de Manaus. Lá, fomos agraciados com um belo pôr-do-sol e casais de araras sobrevoando a floresta. 

Em nosso terceiro dia em Manaus, fomos conhecer o IMPACT HUB MANAUS, um espaço criado para fomentar conexões entre pessoas, gerando negócios e oportunidades que levam a mudanças positivas. Lá, conhecemos o Paulo e a Louise, que nos apresentaram alguns dos trabalhos desenvolvidos pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (IDESAM), que há mais de 20 anos desenvolve a Amazônia e as pessoas que lá vivem. Ouvimos também a Martha, secretária executiva de comunicação do Amazonas, que nos explicou e contou um pouco das ações governamentais em prol de uma comunicação mais real e efetiva sobre a Amazônia, para o Brasil e para o mundo! 

Tivemos o prazer de dar uma volta no Mercado Municipal Adolpho Lisboa, um dos pontos turísticos de Manaus, com vários produtos locais. Depois fomos conhecer o Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), onde fomos recebidos pelo Dr. Caio Perecin – Diretor de Operações do CBA, que nos contou os novos planos e ideias para essa nova gestão do CBA. Durante a visita técnica, conhecemos os laboratórios de Biotecnologia Vegetal, Central Analítica (óleos) e Materiais e Energia acompanhados do Dr. Márcio Miranda, diretor geral do CBA. 

No quarto dia visitamos o Instituto de Desenvolvimento Tecnológico (INDT) e fomos recebidos pelo diretor-presidente Geraldo Feitoza, que nos contou um pouquinho da história de formação da capital amazonense, do desenvolvimento econômico proporcionado pela época do ciclo da borracha até os dias atuais, questionando justamente os modelos econômicos adotados até então. Também conhecemos alguns laboratórios de desenvolvimento de tecnologias e de testes e certificações. Na parte da tarde visitamos a fábrica da SAMSUMG na Zona Franca de Manaus, onde o Diretor de Relações para América Latina, Mário Laffitte, nos acompanhou em uma visita pelas áreas de inspeção, embalagens de celulares e produção de aparelhos de televisão da marca, além de contar um pouco sobre investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Também comentou sobre o funcionamento dos investimentos aportados na Amazônia, que surgem por meio das leis de incentivos fiscais dadas pelo Governo do Amazonas e pelo Governo Federal. Ao final do dia fomos recebidos pela Superintendente para Sustentabilidade da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Valcléia Soli. O trabalho desenvolvido pela ONG é incrível, buscando sempre ouvir as pessoas e entender as necessidades e oportunidades de desenvolvimento para as regiões em que a FAS atua e investe, por meio dos recursos captados em fundos de investimentos e editais. Importante destacar o trabalho fenomenal realizado por eles durante a crise da seca em 2023 e a preparação para a seca deste ano, que tende a ser tão severa quanto a última. O dia terminou com uma passada no famoso Teatro Amazonas e Largo São Sebastião, no centro da cidade. 

No quinto dia, embarcamos em um barco para navegar pelo Rio Negro e conhecer as comunidades. Nossa primeira parada foi no Museu do Seringal, onde aprendemos sobre o ciclo da borracha e, portanto, sobre a extração do látex das seringueiras e o modo de produção da borracha daquela época, cujo auge se deu de 1880 a 1910 mais ou menos, e depois teve um segundo ciclo durante a segunda guerra. Após conhecer o Museu, fomos conhecer a Comunidade Indígena Cipiá, que nos brindou com uma bela apresentação de danças e música, além de explicar um pouquinho sobre os costumes da Comunidade. Por fim, atracamos na Comunidade do Tumbira, que fica na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, para passar a noite. 

No sexto dia, fomos recebidos pelo presidente da Comunidade, o William, que nos acompanhou na atividade de plantio, onde tivemos a oportunidade de plantar várias mudas de árvores nativas, em uma área onde é desenvolvido um Sistema Agroflorestal (SAF). Eu tive a alegria de plantar uma muda de Bacaba, uma palmeira nativa da Amazônia. Logo após, nos deslocamos de barco rumo à Comunidade da Santa Helena do Inglês, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, há 60 km de Manaus, onde fomos recebidos pelo líder comunitário Nelson Mendonça. Nelson contou um pouco sobre a criação da comunidade e sobre o Projeto “Sempre Luz”, um parceria entre a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e a empresa Unicoba, que desenvolve soluções energéticas. A Comunidade já possuía energia elétrica desde 2012 graças ao Programa Luz para Todos, do Governo Federal. Mas a instalação de uma pequena usina solar levou a eles maior estabilidade no fornecimento de energia graças à geração e armazenamento de eletricidade por meio dos painéis solares e baterias instaladas. Com isso, novas oportunidades de geração de renda foram possíveis na Comunidade, melhorando as condições de vida de todos. Logo após, conhecemos o seu Roberto Brito, um ex-madeireiro que hoje luta pela preservação da floresta em pé e por modelos de economia mais responsáveis. Ele nos guiou por uma trilha pela área da comunidade, nos explicando como ela surgiu, como se mantem e como tem avançado, se apoiando em práticas que levam em consideração um desenvolvimento sustentável. Foi um dia incrível, que encerrou com um banho de rio nas margens do Rio Negro, e logo à noite, uma experiência sensacional de canoagem noturna. 

O sétimo e último dia foi uma parada no Lago Acajatuba, onde foi possível observar e interagir com os botos-cor-de-rosa, trabalho desenvolvido por moradores da região e fiscalizado pelo IBAMA. Após, começamos o trajeto de retorno pelo Rio Negro, rumo à Manaus. Durante as horas finais da Expedição, ainda no barco, cada um dos expedicionários apresentou um pouquinho do trabalho de sustentabilidade desenvolvido em suas instituições. Foi a oportunidade de apresentar a Fundação Eco+ e a BASF, contando um pouco dos projetos que direta ou indiretamente conversam com a sustentabilidade da Amazônia. 

Por fim, encerro dizendo que foi uma experiência transformadora! E muito sensível também, uma vez que ouvimos e falamos com as pessoas que vivem lá e que passaram todas as situações que apenas acompanhamos de longe pelas notícias. Poder entender sobre o que foi a pandemia e essa última seca ocorrida 2023 para estas pessoas, nos fez compreender melhor e ter ainda mais certeza que cuidar da Amazônia é, sobretudo, cuidar e apoiar as pessoas que lá estão e que dependem deste bioma para viver uma vida digna. E ter a absoluta certeza de que todos nós, brasileiros e demais pessoas no mundo, somos afetados por tudo que acontece lá! Portanto, um olhar atento à região e às pessoas, e a busca pela geração de oportunidades voltadas para bioeconomia, são ações imprescindíveis para a continuidade das muitas espécies que habitam esse a Amazônia e o Planeta!